15 de novembro de 2012

Ambiente Saudável É Sem Homofobia: novo conceito ambiental

Curso do programa Ambiente em Ação promove reflexão sobre práticas sustentáveis e cidadania


Alunos e instrutores debatem as várias faces do desrespeito á diversidade. (Foto: Aline Macedo)

Aline Macedo - Cerca de um mês depois de iniciadas as aulas do curso “Ambiente Saudável É Sem Homofobia”, promovido pela Superintendência de Educação Ambiental na sede da Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA), os alunos  perceberam que o conceito de ambiente trabalhado em aula é diferente do que estão habituados. Articulando gestão ambiental e questões de sexualidade e identidade, o curso é, nas palavras da estudante de biologia Milena Guedes, “muito inovador e ousado”.

– Estamos construindo juntos esse novo conceito – comemorou com a turma a instrutora Diva Pereira, co-responsável pelo segundo módulo, Mercado, Comercialização e Sustentabilidade.

A partir de uma visão mais ampla sobre o meio ambiente, na qual questões relativas ao ser humano e ao exercício da cidadania são parte fundamental, alunos e instrutores vêm debatendo as várias faces do desrespeito à diversidade.

Para Ana Paraense, instrutora do segundo módulo, incluir a discussão sobre hábitos de consumo, economia solidária e comércio justo é, também, uma maneira de desenvolver entre os alunos um olhar estratégico que os ajude a fazer a diferença dentro da cadeia produtiva.

– Uma face muito cruel da exclusão não é a exclusão econômica? Eu fico imaginando que alguém que é excluído no sentido político e social da cidadania também tenda a ter dificuldade, por exemplo, de ter trabalho. Como a gente pode, estrategicamente, desconstruir essa exclusão? –, questionou Paraense.

Lixo no lixo?

Expondo as características e contradições do atual modelo de produção e consumo, o curso “Ambiente Saudável É Sem Homofobia” propõe uma nova relação com os produtos. Além de estimular a reflexão sobre necessidades reais ou inventadas, o conhecimento sobre o ciclo de vida dos materiais faz com que o lixo, por exemplo, ganhe um novo significado: em vez de ser o resto de algo que já foi útil, ele passa a ser visto como matéria-prima fora de lugar.

Para auxiliar a materialização desses conceitos, as oficinas práticas ensinam os alunos a transformar o velho em novo. As oficineiras Maria Ferreira e Maria Cristina Pacheco, artesãs especializadas no reaproveitamento de materiais, ressaltam o diferencial dos objetos que produzem. Segundo elas, o consumidor percebe o valor agregado de um produto que trata o meio ambiente com respeito. E, melhor: volta para comprar mais.

Consumismo e preconceito

O professor de literatura Daniel de Oliveira declarou que o curso já causou impacto em sua vida. Assumindo que agia de maneira consumista, ele agora desacelerou o seu ritmo e pensa com mais cuidado antes de efetuar uma compra.

Por outro lado, a técnica em segurança do trabalho Daniele Peçanha já estava familiarizada com os temas ambientais antes de começar o curso. Para ela, a novidade está na articulação das questões de direitos humanos e sexualidade. Daniele disse que marcará presença na Parada de Orgulho LGBT pela primeira vez, junto com a ala do programa Ambiente em Ação, da SEAM/RJ.

– Ainda falta muita reflexão da população, não só com relação à homofobia, mas preconceitos em geral –, diz.

Dividido em três módulos teóricos (Introdução às questões ambientais; Produto, mercado, comercialização e sustentabilidade; e Corpo, gênero e sexualidade) e duas oficinas práticas (Customização de roupas e adereços e Reaproveitamento e reciclagem de resíduos sólidos), esta é a primeira edição do curso Ambiente Saudável É Sem Homofobia. Quatro outros Centros de Referência de Cidadania LGBT/CR.-LDBT receberão as aulas nos próximos dois anos: Rio de Janeiro/Central, Niterói, Caxias e Nova Friburgo.

– Todos nós temos o direito de participar, todos temos o direito a um ambiente saudável, sem homofobia, equilibrado, e que proporcione um futuro melhor –, concluiu a instrutora Diva Pereira.

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