23 de agosto de 2013

Negros, índios, travestis: um panorama da discriminação

Terceiro dia da Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia debateu a travestilidade e o racismo ambiental

Tania Pacheco, Lara Moutinho, Márcia Brasil e Marjorie 
Marchi falaram sobre homofobia e transfobia 
(foto: Larissa Amorim)
No final da década de 1970, a comunidade negra de Warren County, pequena cidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, protestava contra os aterros de resíduos tóxicos. Foi quando o líder Benjamin Chavis, que havia trabalhado com Martin Luther King pela garantia de direitos civis aos negros, lançou o termo “racismo ambiental”. Estudos constataram que ¾ do lixo tóxico da região sudeste dos Estados Unidos eram depositados em bairros negros.     

Essas informações foram apresentadas pela professora Tania Pacheco, na abertura do terceiro dia da Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia, promovida pela Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente (Seam/SEA), no Rio de Janeiro.

Coordenadora do mapa de conflitos envolvendo injustiça ambiental e saúde no Brasil (Fiocruz/Fase), Tania comentou da contaminação por chumbo da população de Santo Amaro da Purificação, na Bahia, e falou ainda sobre a segregação da tribo indígena guarani kaiowa, no Mato Grosso do Sul. Era a introdução para um amplo debate sobre a discriminação e violação de direitos, que prosseguiu com a abordagem da situação dos travestis e transexuais.

Também participante da mesa debatedora, Márcia Brasil, psicóloga do Hospital Universitário Pedro Ernesto, foi enfática ao falar das dificuldades enfrentadas por transexuais e travestis na área da saúde: “quando se fala em atendimento a travestis, só se pensa em Aids. E a preocupação é com a contaminação dos homens que se relacionam sexualmente com as travestis e não com elas”.

Na plateia, Priscila Bastos, psicóloga e ativista em direitos humanos, ratificou a discriminação reclamando da falta de atendimento a transexuais nas redes de saúde pública e privada. “A demanda não é nem pelo processo transexualizador. Se um trans tem uma pneumonia, se pega dengue ou se chega numa UPA enfartando, está ferrado. Essas pessoas que morrem subjetivamente todos os dias por conta dos constrangimentos sofridos estão morrendo também de fato todos os dias”, argumentou.

Estendendo o questionamento a diferentes áreas, Marjorie Marchi, presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Estado do Rio de Janeiro (Astra-Rio) comentou da falta de empregabilidade de travestis e transexuais e da “fobia identitária” a que estão expostos: “o problema não é se relacionar sexualmente com homem ou mulher. Para os trans o problema é existir”.

Mediando o debate, a Superintendente de Educação Ambiental, Lara Moutinho, destacou a importância do fortalecimento da autoestima social da população LGBT. “A pauta de hoje avança porque o movimento está nas ruas, as questões estão sendo evidenciadas e enfrentadas”.

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