21 de agosto de 2013

Décadas de luta contra a homofobia

Abertura da Segunda Jornada Ambiente Saudável é Ambiente Sem Homofobia é marcada por forte emoção e historização das lutas do movimento LGBT

Lara Moutinho, Carlos Minc e Júlio Moreira abriram 
a segunda Jornada (foto: Larissa Amorim) 
“A gente se reinventa a todo instante”, disse o presidente do Grupo Arco-Íris Cidadania LGBT, Julio Moreira, mostrando a perseverança do movimento contra a homofobia. Participante da mesa de abertura da Segunda Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia, Julio apresentou um belo histórico do movimento LGBT no Brasil, lembrando a criação do Somos, em São Paulo, no final da década de 1970, como o primeiro grupo brasileiro de afirmação homossexual.

“A partir do Somos, surgiram vários outros grupos. Havia muita divergência dentro do próprio movimento, mas é inegável que as iniciativas de organização foram se reproduzindo”.O surgimento da AIDS, nos anos 1980, segundo Julio, teve reflexos bastante significativos: “era o câncer gay. Trouxe isolamento, dúvida, medo, campanhas radicais que aumentaram o preconceito. Em contrapartida, com o avanço da epidemia, começou a haver financiamento para projetos de prevenção à doença criados por movimentos sociais e muitos grupos conseguiram se estruturar com recursos da saúde”.

A década seguinte foi de avanços, a começar pela decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS) que, em 17 de maio de 1990, retirou o homossexualismo da lista internacional de doenças. Daí ser comemorado, nessa data, o Dia Internacional contra a Homofobia. Depois, em 1995, foi fundada a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT) como a maior entidade em defesa dos direitos LGBT da América Latina. Também naquele ano, o Rio de Janeiro sediou a 17ª Conferência da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA), com cerca de 1200 participantes.

“Lembro-me que o Renato Russo doou dez mil dólares para a realização do evento. A Martha Suplicy era debatedora e naquele mesmo 1995 propôs o projeto de lei 1151, relativo à união civil de pessoas do mesmo sexo”, contou Julio.

Foi também em 1995, que, animada com a repercussão da ILGA, a comunidade LGBT promoveu a primeira Parada do Orgulho Gay, na orla de Copacabana. “Nós já tínhamos tentado uma manifestação dois anos antes, mas juntou apenas umas vinte pessoas. Em 95, conseguimos a adesão de 2 mil”, lembra o ativista.

Dois anos depois, São Paulo fez a sua Parada e no ano 2000 o Estado do Rio de Janeiro promulgou a Lei 3406, de autoria do atual Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc – à época deputado – determinando punição a estabelecimentos e agentes públicos que discriminem pessoas em razão da orientação sexual e identidade de gênero.

“Essa lei, que foi derrubada esse ano, precisa ser novamente aprovada, assim como o projeto de lei federal 122/2006”, defendeu Julio. Para ele as recentes manifestações de segmentos conservadores e fundamentalistas da sociedade podem trazer algum retrocesso e isso faz ainda mais importante o debate sobre a liberdade e os direitos humanos para a comunidade LGBT. “O papel da sociedade é cobrar, cobrar, cobrar”.

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