21 de agosto de 2013

Muito além do verde

Secretaria de Estado do Ambiente promove evento em defesa da diversidade e dos direitos humanos


Mesa de abertura da Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia (a partir da esquerda): 
Cláudio Nascimento, Lara Moutinho, Carlos Minc e Almir França (Foto: Larissa Amorim)
























“Há um tempo se pensava que o papel essencial de uma Secretaria do Ambiente era cuidar do mar, da lagoa, das matas, do ar. O que não é pouco, se considerarmos o consumismo desenfreado em que vive a nossa sociedade. Mas é imprescindível incorporar o homem nessa visão de ambiente e considerar que um ambiente saudável pressupõe que as pessoas tenham relações saudáveis entre si”. Com essa explicação, o Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc, abriu a Segunda Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia, na tarde desta terça-feira, 20 de agosto.

Promovido pela Superintendência de Educação Ambiental (Seam) da Secretaria de Estado do Ambiente, o evento lotou o auditório da SEA, no Rio de Janeiro. Foram mais de 160 participantes, em grande parte, servidores públicos, estudantes, professores e lideranças de movimentos sociais.


Superintendente da Seam, Lara Moutinho sensibilizou a plateia, mostrando a relação intrínseca entre as questões do ambiente e da diversidade sexual e de gênero: “nós falamos de ambiente de forma partida, usando o termo ‘meio ambiente’. De um lado estão as árvores e os passarinhos. Do outro o homem. E pensamos que a natureza existe para servir ao homem. Essa é uma visão restrita e equivocada. O ambiente é um inteiro, composto pelo homem e pela natureza; para ser saudável é preciso que haja harmonia, e não expropriação, violência, racismo, preconceito”.


Feita a consideração primordial, Lara comentou que tem sido um grande desafio para a Secretaria abraçar uma causa como o enfrentamento à homofobia. “É um tema que incomoda. E está entranhado nas pessoas, mesmo quando elas não querem. Para se ter ideia, o cartaz desse evento foi rasgado três vezes aqui mesmo na SEA”, contou.


Para Almir França, coordenador do Centro de Referência LGBT da Capital (Rio de Janeiro), a Secretaria do Estado do Ambiente ajuda a cuidar do planeta ao reconhecer as identidades de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. “Discutir o ambiente é encontrar os sujeitos. Essas identidades LGBTs, que são tão antigas, simplesmente ‘não existiam’ até bem pouco tempo”, apontou.


Ainda no primeiro dia da Segunda Jornada, Claudio Nascimento, Superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, falou sobre as conquistas obtidas pelo programa Rio sem Homofobia e o caminho que se tem a percorrer no combate à discriminação da comunidade LGBT. E o presidente do Grupo Arco-Íris contou a história do movimento LGBT, mostrando também os avanços obtidos nas duas últimas décadas.



Homofobia é uma barbárie

Em seu discurso, Minc falou da impossibilidade de se ter um ambiente saudável com qualquer tipo de discriminação, e abordou o nazismo, lembrando os extermínios decorrentes do ideário de uma raça ariana superior às demais. “Aquilo se constituiu num dos maiores desastres ambientais da história. Os gays, os ciganos, os judeus eram espécies consideradas defeituosas. O que se queria criar era uma monocultura humana de arianos produzidos em série nos laboratórios. O nazismo foi uma das maiores aberrações e mostrou para onde vai e o que gera a discriminação. Todas as tentativas de simplificar um ambiente diverso, rico, plural, tornando-o uniforme, homogêneo, uníssono, estático – um ambiente fabricado - geram desequilíbrios”.

Para o secretário, a homofobia é uma barbárie comparável a várias outras decorrentes do preconceito e da segregação. “Uma civilização não se mede pelo número de celulares ou de automóveis que tem. E sim pela forma como trata seus meninos de rua, seus trabalhadores e todas as pessoas pobres, os gays. Isso é o que determina o caráter civilizatório de uma sociedade. Aqui, estamos plantando a semente de uma sociedade diferente, solidária, libertária, que reconheça a fraternidade como valor fundamental e tenha uma visão de ambiente que incorpore todas as pessoas, todos os credos, todas as sexualidades, as crenças, as cores, os sabores e os amores”, finalizou Minc.

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