19 de outubro de 2012

Força Nacional de Segurança contra o desmatamento


Para biólogo, é preciso fortalecer o atual modelo de fiscalização na Amazônia

A Força Nacional de Segurança: é mais uma ação do Governo Federal para combater o desmatamento
(Foto: Reprodução da internet)

Carlos Henrique da Silva - O governo federal, através da Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou, no dia 9 de outubro, a criação de um grupo da Força nacional de Segurança destinado a combater o desmatamento na Amazônia. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) mostram que no mês de agosto deste ano o desmate da floresta triplicou em relação ao mesmo período de 2011.    

A principal estratégia com a criação desse grupo é realizar um trabalho integrado entre órgãos do Meio Ambiente, das Forças Armadas, do Ministério da Justiça e da Polícia Federal. Com isso, a idéia inicial é estabelecer uma atuação permanente do grupamento da Força Nacional de segurança. Segundo o biólogo e professor universitário Marcelo Neto Galvão, essas ações podem representar avanços significativos no combate ao desmatamento.

- Essa medida poderá ser uma evolução no processo de fiscalização da Amazônia, principalmente no que se propõe em compartilhar informações entre a inteligência militar e os órgãos ambientais. Sendo assim, imagino que os principais impactos positivos seriam a maior rapidez da ação punitiva que cabe a essa iniciativa, um monitoramento mais amplo de possíveis ameaças ao bioma e, consequentemente, uma possível redução das porcentagens de perda de áreas verdes -, disse Galvão.

No entanto, o professor ressalta que somente as ações do grupo não serão suficientes para resolver a questão do desmatamento na floresta, posto que também é necessário haver, sobretudo, um fortalecimento no atual modelo de fiscalização.

- Algumas das vertentes de combate à degradação são os aumentos e fortalecimentos da fiscalização e de pessoal especializado em tal prática. Desta forma espera-se que medidas punitivas advindas de uma fiscalização eficaz venham a reduzir o acelerado ritmo de desmatamento. Também poderia se considerar uma reforma política sobre impostos e subsídios cedidos a agropecuária nas regiões onde ocorre o bioma, além da criação de políticas que visem formas de explorar os serviços ambientais da floresta, tanto com o objetivo de preservá-la como o de sustentar as populações humanas ligadas a ela - explicou.

De acordo com Marcelo, a questão da degradação na Amazônia é um problema antigo, e que passa pelos interesses políticos-econômicos que viabilizam tal prática. Ele também destaca os fatores que atualmente promovem a degradação.

- A presença de latifúndios ora atrelados a atividades agropecuárias (principalmente criação de gado bovino e cultivo de soja), geralmente ligados à especulação; corte seletivo de recursos madeireiros que, entre os prejuízos óbvios, também aumenta a vulnerabilidade da mata ao fogo; exploração de recursos não madeireiros (borracha, castanha, minerais etc) e a biopirataria, muitas vezes escondida na figura de “benéficas” ONGs internacionais. Também pode se agregar a isso os incentivos fiscais, o perdão de multas, como o proposto até pelo Novo Código Florestal, e a falta de fiscalização.

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