4 de novembro de 2013

Estrutura do Espaço Sagrado é tema do encontro de líderes religiosos

Guardiões se reuniram para definir a estrutura do local que será destinado às praticas de religiões afro brasileiras



Lara Moutinho e Claudia Castellano apresentaram sugestões no
 encontro do Conselho dos Guardiões do Sagrado e da Natureza
Bárbara Cruz - O terceiro encontro do ano do Conselho dos Guardiões do Sagrado e da Natureza, aconteceu no dia 31 de outubro, no terreiro da Ilê Asé Omolu Oxum, no município de São João de Meriti, no Rio de Janeiro. Estiveram presentes líderes religiosos da umbanda e do candomblé, como: a anfitriã do encontro, Iyalorixá Mininazinha da Oxum; o Babalorixá Luis D’Omolu;  Mãe Fátima Damas, da Congregação Espírita Umbanda do Brasil – CEUB; Pai Pedro Miranda, da União Espiritualista de Umbanda do Brasil – UEUB.

O programa Elos da Diversidade apoia o diálogo entre os saberes de diferentes religiões e foi criado pela Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente (Seam/SEA) para resgatar as tradições religiosas e construir ações que garantam a diversidade cultural e biológica. Componentes do programa também estiveram presentes na ocasião: Carlos Frederico, coordenador do Elos; Maria das Graças, moderadora; e Mãe Torody, Ekedi Basilia e Pai Renato de Obaluaê, articuladores.

A reunião desses grupos buscou a definir a melhor forma de organização do Espaço Sagrado da Curva do S, que será destinado aos rituais de religiões afro-brasileiras. Claudia Castellano, do Laboratório de Arquitetura, Subjetividade e Cultura e arquiteta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está auxiliando o processo da construção do local e tem feito sessões de observação do uso desse espaço pelas pessoas.

A superintendente de educação ambiental, Lara Moutinho da Costa, e a arquiteta mostraram uma planta preliminar do Espaço que indicava a entrada, o centro de visitantes, os banheiros, o espaço para atividades culturais e as rampas para o acesso de cadeirantes e pessoas com dificuldades de locomoção. Com o foco na identificação do território, foi debatido o uso de imagens de orixás, símbolos religiosos e berçários de folhas e ervas sagradas. Porém, Lara evidenciou o fato de que a intervenção para criar o espaço deve ser mínima. “É fundamental que os locais para culto tenham sua identificação, mas o excesso de representações pode comprometer a beleza natural do lugar”, alertou.

O Espaço Sagrado da Curva do S  será construído na zona externa do Parque Nacional da Floresta da Tijuca. Desde o século XVII o local é frequentado por pessoas de diferentes religiões, mas devido ao mau uso e ausência de política publica, a região ficou abandonada e repleta de sujeira. O projeto do Espaço Sagrado propõe uma mudança nesse ambiente para que ele possa ser utilizado de forma correta, a fim de preservar a natureza e as tradições religiosas. Por isso, foi decidido colocar na entrada do parque uma imagem de 7 metros de um Xaxará, símbolo do candomblé, para representar a cura desse local.

Pai Pedro, umbadista, falou sobre a importância da construção de um espaço comum a todos, onde as pessoas possam entrar em contato com a vibração positiva da natureza. Pai Renato, candomblecista, falou sobre a importância da identificação visual. “É necessário o uso de imagem, símbolos e tudo mais que permita a visibilidade da nossa religião, para que não sejam repetidos os erros históricos de negar aos povos suas representações”, afirmou. Lara Moutinho finalizou a reunião explicando que o espaço Sagrado será para aberto ao publico, mas que existe o foco em atender religiões que são discriminadas e muitas vezes impedidas de serem cultuadas. “O Espaço Sagrado não é um local ecumênico. O foco é na cultura afro brasileira. Mas isso não impede que seja utilizado para reuniões de grupos de outras tradições”, concluiu. 


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