29 de novembro de 2012

Nas Ondas do Ambiente chega à Baixada Fluminense

Programa da Superintendência de Educação Ambiental ajuda comunidade de São João de Meriti a soltar a voz na rádio web Elos do Axé

Alunos engajados têm aulas de técnicas de produção radiofônica e de educação ambiental (foto: Marcos Maia)

Aline Macedo - Desde setembro deste ano, o programa “Nas Ondas do Ambiente” marca a sua presença na Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, para trabalhar conceitos de comunicação, cidadania e ambiente. O programa nasceu com o intuito de desenvolver rádios comunitárias dentro de escolas da rede pública de ensino, mas ultrapassou os muros e, hoje, sua atuação abrange diversos setores da sociedade. Com o desenvolvimento da rádio web Elos do Axé, em São João de Meriti, essa atuação chega agora aos povos de terreiro.

No terreiro Ilê Àsé Ala Koro Wo, os professores Alba Valéria, Ludi Um e Vitor Salles trabalham em conjunto para desenvolver as diversas habilidades necessárias para que a rádio continue no ar depois do término das aulas.

– A gente passa a capacitação técnica dentro de jornalismo, técnica de áudio e locução, que formam o tripé básico para a rádio funcionar – explicou Salles.

Além da capacitação técnica, o programa também aborda o conteúdo a ser veiculado pela rádio através de reuniões de pauta, nas quais os próprios alunos são convidados a pensar sobre quem é o seu público e o que ele quer ouvir. Assim, também são trabalhadas questões específicas de cada comunidade em torno da rádio que, no caso do Elos do Axé, envolvem a divulgação da cultura afro e de noções de liberdade de expressão e religiosa.

Os futuros radialistas estão bastante empolgados com as aulas. Para Gustavo Zorzan, 15 anos, com o programa ele tem conseguido vencer sua timidez e pensa até mesmo em buscar uma carreira como locutor. Já a aluna de terceira idade Aurelúcia da Silva prefere ficar nos bastidores e trabalhar na parte técnica. Para ela, a rádio é uma oportunidade de vencer o preconceito que os frequentadores das casas de santo muitas vezes sofrem.

Apesar de o Rio de Janeiro ser o estado com a maior proporção de seguidores das religiões de matrizes africanas (1,61%, segundo dados da FGV), a intolerância ainda faz parte do cotidiano dos povos de terreiro. Aluna do programa, Simone Lira da Silva, a iyalorixá do terreiro Ilê Àsé Ala Koro Wo  pretende usar a rádio Elos do Axé para irradiar o respeito.

– É uma forma de mostrarmos para o mundo que a visão limitada que se tem do candomblé não é verdadeira. Aqui temos cultura, lazer, falamos de saúde e de prevenção. É uma forma de desconstruir essa imagem que outras religiões têm da gente – afirmou Simone.

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