30 de agosto de 2013

Relevo e forma para a temática LGBT

Jornada Ambiente Saudável é Ambiente Sem Homofobia cria oportunidade rara para o debate sobre a diversidade sexual e de gênero

Numa concepção ampla, as questões ambientais abarcam os direitos humanos. Isso explica a realização da Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia pela Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente (Seam/SEA). O evento foi criado em 2012 e teve sua segunda edição esse ano, entre 20 e 23 de agosto. Foram quatro dias de debates com pesquisadores e lideranças do movimento LGBT.

“Nós entendemos o ambiente não apenas sob a perspectiva do que é natural, mas integrando também o cultural, as relações que o homem estabelece nesse ambiente. Por isso, nos preocupa a discriminação, a segregação, a violência, que são como a poluição humana. A educação assume um protagonismo importante na luta contra o preconceito. Nosso programa Ambiente em Ação atua no enfrentamento do que chamamos de ´injustiças ambientais’”, explica Lara Moutinho, superintendente da Seam/SEA.

Na abertura da Jornada, Lara garantiu que a Secretaria não vai se furtar do compromisso de defender o interesse desse grupo populacional composto por gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.

A Jornada é uma das atividades promovidas pelo programa Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia, criado como forma de apoio da SEA ao programa Rio Sem Homofobia, da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH).

Na abertura da Jornada, o superintendente da SEASDH, Cláudio Nascimento, contou dos avanços obtidos pelo Rio Sem Homofobia nos últimos cinco anos, a começar pela aprovação, em 2007, do projeto de lei que assegura direitos de pensão para companheiros do mesmo sexo no serviço público. Ele destacou também a criação do Disque Cidadania LGBT, que em três anos atendeu 12 mil pessoas, e dos Centros de Cidadania LGBT, na capital, em Friburgo, em Caxias e em Niterói.

“Além de prestar atendimento psicológico e jurídico para vítimas de violência, preconceito ou discriminação, esses centros dão informações diversas à população, funcionando como serviço de utilidade pública”.
Presidente do Grupo Arco-Iris, Julio Moreira, avançou ainda mais na retrospectiva do movimento LGBT lembrando conquistas dos anos 80 e 90, como a decisão da Organização Mundial de Saúde de retirar a homossexualidade da lista internacional de doenças.

No segundo dia da Jornada, foram discutidos os novos arranjos familiares: entrou em questão o casamento gay, aprovado esse anos pelo Conselho Nacional de Justiça, e a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo, ainda sem regulamentação no Brasil.

A Jornada também tratou dos desafios enfrentados por travestis e transexuais, sobretudo as dificuldades que têm para obter documentação compatível com suas identidades de gênero, fazer o processo transexualizador e receber atendimento adequado na rede de saúde.

“Esse espaço para discussão da diversidade sexual e de gênero é muito raro e valioso. A Jornada merece se replicar”, declarou, ao final do evento, o jornalista pernambucano Horácio de Barros, que assistiu e participou de todos os debates.

27 de agosto de 2013

Nas Ondas do Ambiente inicia formação de professores

Programa de educação ambiental que utiliza ferramentas de educomunicação atuará este ano em 36 escolas da rede estadual de ensino

O prof. Carlos Eduardo Leal, coordenador acadêmico do 
Nas Ondas, dá palestra na abertura do curso de formação 
dos professores (foto: Larissa Amorim)

No último sábado (24/8), professores da rede pública de ensino participaram da primeira aula do curso de formação do programa de educação ambiental Nas Ondas do Ambiente, que este ano, irá atuar em 36 escolas da rede pública estadual de ensino. A formação dos professores se dará em mais três encontros.

Localizadas nos bairros das zonas Norte e Sul da cidade do Rio de Janeiro e Niterói, as escolas que participam este ano do programa foram selecionadas a partir de critérios adotados em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc). A meta é atingir 200 cursistas. O curso nas escolas, já com a participação dos alunos, acontecerá entre 21/09 e 30/11, com aulas sobre educação ambiental, rádio, sonoplastia, comunicação e web. Após a etapa de aprendizado, serão lançados programas diários de rádio nas escolas. 

“A ideia é fazer um curso abreviado com professores para qualificá-los em relação aos alunos, assim atuarão como monitores e apoio aos nossos docentes nas atividades de capacitação. Utilizaremos técnicas radiofônicas sempre com foco em abordagem ambiental. As rádios podem ser criadas em formatos web ou ao vivo“, explica o coordenador acadêmico, prof. Carlos Eduardo Leal.

Professor de sociologia da escola técnica Henrique Lage e participante do programa, Carlos Evandro Viana chama a atenção para a importância desse estudo. “Essa dinâmica une dois elementos essenciais: o rádio que é um formador de conteúdo e as relações humanas que envolve meio ambiente”.

Nas Ondas do Ambiente
Criado em 2007 pela Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente (Seam/SEA), e executado em parceria com a Uerj e com recursos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam), o Programa nas Ondas do Ambiente utiliza a educomunicação (Rádio) como meio de capacitação de comunidades para o enfrentamento de problemas ambientais locais.

26 de agosto de 2013

Ambiente em Ação faz prevenção da dengue em Niterói

Agente da Secretaria estadual do Ambiente explica ciclo 
de vida do aedes aegyptis a alunos de escola de Niterói 
Entre os dias 20 a 22 de agosto, agentes socioambientais do Ambiente em Ação, programa da Superintendência de Educação da Secretaria de Estado do Ambiente (Seam/SEA), estiveram presentes na Escola Estadual Leopoldo Froes, no Largo da Batalha, em Niterói, atuando na campanha 10 minutos contra a dengue.

Foram realizadas palestras sobre o ciclo de vida do mosquito aedes aegyptis, oficinas de reaproveitamento de resíduos sólidos e atividades artísticas voltadas para a temática ambiental. No último dia, a brigada mirim do programa promoveu uma caminhada contra a dengue no Parque da Cidade, com participação de cerca de 70 alunos. Eles eliminaram possíveis focos do mosquito transmissor da dengue e distribuíram orientações à população para evitar o acúmulo de lixo.


24 de agosto de 2013

Para ampliar o horizonte da cidadania

Desafios da transexualidade são apresentados no último dia da Segunda Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia


Carlos Minc, ao lado de João Nery e Guilherme Almeida, 
encerrou a jornada celebrando as conquistas do 
movimento LGBT (fotos: Eduardo Peralta)
Ser chamado pelo nome social, poder usar um banheiro público sem constrangimento, ter atendimento na área de saúde, poder fazer o processo transexualizador, ter acesso ao mercado formal de trabalho. Esses são só alguns dos direitos que a população trans reivindica e que foram abordados no último dia da Segunda Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia.

O evento, promovido pela Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente (Seam/SEA), no Rio de Janeiro, reuniu acadêmicos e lideranças do movimento LGBT em quatro dias de debates e apresentações de documentários.  O tema do último dia foi a transexualidade. Mediados pelo estilista Almir França, coordenador do Centro de Referência e Promoção da Cidadania LGBT na capital do Rio de Janeiro, Bárbara Aires, João Nery e Guilherme Almeida contaram suas experiências pessoais como transexuais e esclareceram os principais desafios enfrentados no dia a dia por conta da não aceitação pela sociedade de suas identidades de gênero. 



“Nós não existimo, nas escolas, nos hospitais, nem no IBGE, que não nos contabiliza”, reclamou a ativista e produtora de TV, Barbara Aires (foto). Ela falou de suas tentativas incessantes e frustradas para conseguir um emprego: “como a maioria, eu vivi, por muito tempo, da prostituição, porque as portas se fechavam toda vez que eu me revelava como transexual. É um absurdo porque a identidade de gênero não diz se você é mais ou menos competente e profissional”.

Primeiro transexual masculino a ser operado no Brasil, o escritor João Nery também contou parte de sua peleja : “eu tirei documentos falsos e, por isso, passei a viver como criminoso. Perdi o meu currículo e meu histórico escolar. Tive que trabalhar como pedreiro, pintor de parede e em outras funções que não exigiam formação”.

Também o professor Guilherme Almeida, coordenador adjunto do Laboratório Integrado em Diversidade Sexual, Políticas e Direitos (Lidis/UERJ), disse ter “muitas histórias tristes para contar”, mas focou sua apresentação em oito desafios que a população trans deve enfrentar, entre eles o de disseminar uma compreensão “desfetichizada” da transexualidade: “a experiência trans é social e ambiental, não biomédica. É ordinária e não extraordinária. É polimorfa e dissociada da orientação sexual”.

Ao final das apresentações, reforçando a colocação feita por Bárbara Aires, Guilherme ponderou “nós não queríamos estar aqui. Eu quero que chegue o dia em que não seja preciso a gente se expor e falar desse tema. O dia em que, finalmente, a gente possa gozar do sagrado direito à indiferença”.

O secretário estadual do ambiente Carlos Minc encerrou o evento apontando essa perspectiva: “penso que daqui a 30 anos os conceitos serão outros e ninguém mais vai ser achacado por sua escolha. Quem hoje se lembra que há 100 anos as mulheres não votavam? Fico contente em participar desse movimento e receber aqui na Secretaria pessoas que lutam pela dignidade humana e que se expõem para ampliar o horizonte da cidadania. Isso é ecologia humana. Isso é cidadania plena”.

23 de agosto de 2013

Negros, índios, travestis: um panorama da discriminação

Terceiro dia da Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia debateu a travestilidade e o racismo ambiental

Tania Pacheco, Lara Moutinho, Márcia Brasil e Marjorie 
Marchi falaram sobre homofobia e transfobia 
(foto: Larissa Amorim)
No final da década de 1970, a comunidade negra de Warren County, pequena cidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, protestava contra os aterros de resíduos tóxicos. Foi quando o líder Benjamin Chavis, que havia trabalhado com Martin Luther King pela garantia de direitos civis aos negros, lançou o termo “racismo ambiental”. Estudos constataram que ¾ do lixo tóxico da região sudeste dos Estados Unidos eram depositados em bairros negros.     

Essas informações foram apresentadas pela professora Tania Pacheco, na abertura do terceiro dia da Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia, promovida pela Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente (Seam/SEA), no Rio de Janeiro.

Coordenadora do mapa de conflitos envolvendo injustiça ambiental e saúde no Brasil (Fiocruz/Fase), Tania comentou da contaminação por chumbo da população de Santo Amaro da Purificação, na Bahia, e falou ainda sobre a segregação da tribo indígena guarani kaiowa, no Mato Grosso do Sul. Era a introdução para um amplo debate sobre a discriminação e violação de direitos, que prosseguiu com a abordagem da situação dos travestis e transexuais.

Também participante da mesa debatedora, Márcia Brasil, psicóloga do Hospital Universitário Pedro Ernesto, foi enfática ao falar das dificuldades enfrentadas por transexuais e travestis na área da saúde: “quando se fala em atendimento a travestis, só se pensa em Aids. E a preocupação é com a contaminação dos homens que se relacionam sexualmente com as travestis e não com elas”.

Na plateia, Priscila Bastos, psicóloga e ativista em direitos humanos, ratificou a discriminação reclamando da falta de atendimento a transexuais nas redes de saúde pública e privada. “A demanda não é nem pelo processo transexualizador. Se um trans tem uma pneumonia, se pega dengue ou se chega numa UPA enfartando, está ferrado. Essas pessoas que morrem subjetivamente todos os dias por conta dos constrangimentos sofridos estão morrendo também de fato todos os dias”, argumentou.

Estendendo o questionamento a diferentes áreas, Marjorie Marchi, presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Estado do Rio de Janeiro (Astra-Rio) comentou da falta de empregabilidade de travestis e transexuais e da “fobia identitária” a que estão expostos: “o problema não é se relacionar sexualmente com homem ou mulher. Para os trans o problema é existir”.

Mediando o debate, a Superintendente de Educação Ambiental, Lara Moutinho, destacou a importância do fortalecimento da autoestima social da população LGBT. “A pauta de hoje avança porque o movimento está nas ruas, as questões estão sendo evidenciadas e enfrentadas”.

22 de agosto de 2013

Uma questão real e cotidiana


No segundo dia da Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia, relatos pessoais evidenciam a dimensão da diversidade sexual na sociedade

Mesa da Segunda Jornada Ambiente Saudável é
Ambiente sem Homofobia que debateu novos
 arranjos familiares e famílias LGBTs
“Essa conversa que estamos tendo aqui deveria acontecer todos os dias, em vários lugares, nas praças públicas”. A escritora Giorgina Martins estava entusiasmada ao final do segundo dia da Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia, promovida pela Superintendência de Educação Ambiental (Seam) no auditório da Secretaria de Estado do Ambiente.

Escritora, professora de literatura infantil e integrante do movimento Mães pela Igualdade, Georgina participava da mesa debatedora e iniciou sua apresentação dizendo que falaria como “mãe”. Contou, então, os seus desafios desde que o filho, ainda criança, manifestou o desejo de ser “menina”. A fala sincera de Georgina motivou a participação da plateia – em perguntas e depoimentos pessoais, muitos aspectos da diversidade sexual e de gênero foram abordados.

“O importante é que o debate invada a sociedade trazendo esclarecimentos”, reforçou a psicóloga Anna Uziel, coordenadora do Laboratório Integrado em Diversidade Sexual, Políticas e Direitos (Lidis/UERJ). Também palestrante, ela já havia usado uma frase de Deleuze para comentar o tema: “basta não compreender para moralizar”.

Para a psicóloga, é preciso desconstruir paradigmas, “As pessoas se questionam de onde vem a homossexualidade, considerando que ser hetero é default (padrão). Para desconsertar eu pergunto: ‘o que leva uma pessoa a ser heterossexual’. Precisamos tirar o foco dessa diferença, há tantas outras entre as pessoas”, defendeu, depois de explicar os avanços que a comunidade LGBT teve no Brasil nos últimos quinze anos, com algumas decisões favoráveis a adoção de crianças por casais gays, ao uso do nome social e, sobretudo, à aprovação pelo Judiciário do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. “Mas essas conquistas esbarram em retrocessos como o estatuto do nascituro, a bolsa estupro, a proibição do aborto, a cura gay. É preciso ficar atento; a gente não pode descansar”, ressaltou.

Em seguida, a defensora pública Luciana Mota, ratificou o alerta, dizendo que ainda é muito difícil para a população LGBT ficar na dependência da decisão de juízes para ter garantidos seus direitos civis.

“A homofobia marginaliza expressivos segmentos da sociedade. Transexuais e travestis vivem apartados do
convívio social”, disse Luciana que é coordenadora do Núcleo de Diversidade Sexual e Direito Homoafetivo (Nudiversis/UERJ), criado em 2011 especialmente para atender demandas de gênero e sexualidade. “Nós levamos ao Judiciário questões que juízes e magistrados não estão preparados para receber e decidir”, confirmou, apostando, no entanto, que “o caminho é esse, pois a Justiça funciona assim: é a quantidade de demandas que faz mudar a mentalidade”.

Mediadora nos debates, Vanessa Leite, pesquisadora do Lidis, incentivou a interação da plateia dando oportunidade para uma intensa troca de experiências, percepções e conhecimentos. “É fundamental que todas as questões venham à tona, que as pessoas se sintam à vontade para falar de sexualidade e de identidade de gênero, sem pudor ou medo. É assim que a sociedade avança”, finalizou.

Cena do filme Família no Papel, que expõe casos de
famílias homoafetivas que adotaram crianças no Brasil





Cores e amores
As cores e amores que o secretário Carlos Minc defendeu no primeiro dia da Jornada apareceram no filme que abriu o segundo dia do evento. “Família de Papel”, documentário dirigido por Fernanda Friedrich e Bruna Wagner, mostra sete casos de famílias homoafetivas que lutaram pelo direito de adotar crianças, em diferentes regiões brasileiras. Cada uma das cores do arco-íris embala uma dessas histórias, contadas por seus protagonistas reais, com sotaques diversos. O filme mostra os entraves judiciais enfrentados por homossexuais que querem ter filhos e se dispõem a adotar; em paralelo com os problemas vivenciados por crianças em abrigos e orfanatos.

“Fica evidenciado que o conceito de família é muito mais amplo do que o que se considera como natural. Família é com quem você conta na sua vida”, concluiu Vanessa Leite.

21 de agosto de 2013

Décadas de luta contra a homofobia

Abertura da Segunda Jornada Ambiente Saudável é Ambiente Sem Homofobia é marcada por forte emoção e historização das lutas do movimento LGBT

Lara Moutinho, Carlos Minc e Júlio Moreira abriram 
a segunda Jornada (foto: Larissa Amorim) 
“A gente se reinventa a todo instante”, disse o presidente do Grupo Arco-Íris Cidadania LGBT, Julio Moreira, mostrando a perseverança do movimento contra a homofobia. Participante da mesa de abertura da Segunda Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia, Julio apresentou um belo histórico do movimento LGBT no Brasil, lembrando a criação do Somos, em São Paulo, no final da década de 1970, como o primeiro grupo brasileiro de afirmação homossexual.

“A partir do Somos, surgiram vários outros grupos. Havia muita divergência dentro do próprio movimento, mas é inegável que as iniciativas de organização foram se reproduzindo”.O surgimento da AIDS, nos anos 1980, segundo Julio, teve reflexos bastante significativos: “era o câncer gay. Trouxe isolamento, dúvida, medo, campanhas radicais que aumentaram o preconceito. Em contrapartida, com o avanço da epidemia, começou a haver financiamento para projetos de prevenção à doença criados por movimentos sociais e muitos grupos conseguiram se estruturar com recursos da saúde”.

A década seguinte foi de avanços, a começar pela decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS) que, em 17 de maio de 1990, retirou o homossexualismo da lista internacional de doenças. Daí ser comemorado, nessa data, o Dia Internacional contra a Homofobia. Depois, em 1995, foi fundada a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT) como a maior entidade em defesa dos direitos LGBT da América Latina. Também naquele ano, o Rio de Janeiro sediou a 17ª Conferência da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA), com cerca de 1200 participantes.

“Lembro-me que o Renato Russo doou dez mil dólares para a realização do evento. A Martha Suplicy era debatedora e naquele mesmo 1995 propôs o projeto de lei 1151, relativo à união civil de pessoas do mesmo sexo”, contou Julio.

Foi também em 1995, que, animada com a repercussão da ILGA, a comunidade LGBT promoveu a primeira Parada do Orgulho Gay, na orla de Copacabana. “Nós já tínhamos tentado uma manifestação dois anos antes, mas juntou apenas umas vinte pessoas. Em 95, conseguimos a adesão de 2 mil”, lembra o ativista.

Dois anos depois, São Paulo fez a sua Parada e no ano 2000 o Estado do Rio de Janeiro promulgou a Lei 3406, de autoria do atual Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc – à época deputado – determinando punição a estabelecimentos e agentes públicos que discriminem pessoas em razão da orientação sexual e identidade de gênero.

“Essa lei, que foi derrubada esse ano, precisa ser novamente aprovada, assim como o projeto de lei federal 122/2006”, defendeu Julio. Para ele as recentes manifestações de segmentos conservadores e fundamentalistas da sociedade podem trazer algum retrocesso e isso faz ainda mais importante o debate sobre a liberdade e os direitos humanos para a comunidade LGBT. “O papel da sociedade é cobrar, cobrar, cobrar”.

Muito além do verde

Secretaria de Estado do Ambiente promove evento em defesa da diversidade e dos direitos humanos


Mesa de abertura da Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia (a partir da esquerda): 
Cláudio Nascimento, Lara Moutinho, Carlos Minc e Almir França (Foto: Larissa Amorim)
























“Há um tempo se pensava que o papel essencial de uma Secretaria do Ambiente era cuidar do mar, da lagoa, das matas, do ar. O que não é pouco, se considerarmos o consumismo desenfreado em que vive a nossa sociedade. Mas é imprescindível incorporar o homem nessa visão de ambiente e considerar que um ambiente saudável pressupõe que as pessoas tenham relações saudáveis entre si”. Com essa explicação, o Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc, abriu a Segunda Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia, na tarde desta terça-feira, 20 de agosto.

Promovido pela Superintendência de Educação Ambiental (Seam) da Secretaria de Estado do Ambiente, o evento lotou o auditório da SEA, no Rio de Janeiro. Foram mais de 160 participantes, em grande parte, servidores públicos, estudantes, professores e lideranças de movimentos sociais.


Superintendente da Seam, Lara Moutinho sensibilizou a plateia, mostrando a relação intrínseca entre as questões do ambiente e da diversidade sexual e de gênero: “nós falamos de ambiente de forma partida, usando o termo ‘meio ambiente’. De um lado estão as árvores e os passarinhos. Do outro o homem. E pensamos que a natureza existe para servir ao homem. Essa é uma visão restrita e equivocada. O ambiente é um inteiro, composto pelo homem e pela natureza; para ser saudável é preciso que haja harmonia, e não expropriação, violência, racismo, preconceito”.


Feita a consideração primordial, Lara comentou que tem sido um grande desafio para a Secretaria abraçar uma causa como o enfrentamento à homofobia. “É um tema que incomoda. E está entranhado nas pessoas, mesmo quando elas não querem. Para se ter ideia, o cartaz desse evento foi rasgado três vezes aqui mesmo na SEA”, contou.


Para Almir França, coordenador do Centro de Referência LGBT da Capital (Rio de Janeiro), a Secretaria do Estado do Ambiente ajuda a cuidar do planeta ao reconhecer as identidades de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. “Discutir o ambiente é encontrar os sujeitos. Essas identidades LGBTs, que são tão antigas, simplesmente ‘não existiam’ até bem pouco tempo”, apontou.


Ainda no primeiro dia da Segunda Jornada, Claudio Nascimento, Superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, falou sobre as conquistas obtidas pelo programa Rio sem Homofobia e o caminho que se tem a percorrer no combate à discriminação da comunidade LGBT. E o presidente do Grupo Arco-Íris contou a história do movimento LGBT, mostrando também os avanços obtidos nas duas últimas décadas.



Homofobia é uma barbárie

Em seu discurso, Minc falou da impossibilidade de se ter um ambiente saudável com qualquer tipo de discriminação, e abordou o nazismo, lembrando os extermínios decorrentes do ideário de uma raça ariana superior às demais. “Aquilo se constituiu num dos maiores desastres ambientais da história. Os gays, os ciganos, os judeus eram espécies consideradas defeituosas. O que se queria criar era uma monocultura humana de arianos produzidos em série nos laboratórios. O nazismo foi uma das maiores aberrações e mostrou para onde vai e o que gera a discriminação. Todas as tentativas de simplificar um ambiente diverso, rico, plural, tornando-o uniforme, homogêneo, uníssono, estático – um ambiente fabricado - geram desequilíbrios”.

Para o secretário, a homofobia é uma barbárie comparável a várias outras decorrentes do preconceito e da segregação. “Uma civilização não se mede pelo número de celulares ou de automóveis que tem. E sim pela forma como trata seus meninos de rua, seus trabalhadores e todas as pessoas pobres, os gays. Isso é o que determina o caráter civilizatório de uma sociedade. Aqui, estamos plantando a semente de uma sociedade diferente, solidária, libertária, que reconheça a fraternidade como valor fundamental e tenha uma visão de ambiente que incorpore todas as pessoas, todos os credos, todas as sexualidades, as crenças, as cores, os sabores e os amores”, finalizou Minc.

14 de agosto de 2013

Secretaria do Ambiente debate coleta seletiva em encontro de síndicos no Rio

Nessa quinta-feira, dia 15 de agosto, o Secretário de Estado do Ambiente, Carlos Minc, participará do Encontro de Síndicos, promovido pela Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis(Abadi), no Auditório da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. O secretário vai debater a Coleta Seletiva, num painel que contará também com a participação da jornalista Regina Laginestra, presidente da ONG Reviverde, que assessora condomínios na implantação de sistemas de coleta seletiva de lixo.

O evento debaterá ainda questões civis e trabalhistas, auto-vistoria e o trabalho das administradoras como parceiras dos condomínios. 


Programa Coleta Seletiva Solidária

Desde 2009, quando foi lançado o Programa Coleta Seletiva Solidária, a Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente (Seam/SEA) tem realizado uma série de oficinas de capacitação e planejamento participativo da coleta seletiva nos municípios. A iniciativa é direcionada a gestores públicos municipais, escolas, órgãos públicos estaduais e catadores. 

Em 2010, o Programa ganhou importantes aliados: os condomínios residenciais, que, então, assinaram o Pacto pela Reciclagem, comprometendo-se com a intensificação da coleta seletiva.  A SEA e a Comlurb, por sua vez, construíram galpões para a triagem do lixo coletado pelas cooperativas de catadores nos condomínios.

As inscrições para o Encontro de Síndicos são gratuitas e podem ser feitas através do site www.abadi.com.br. O auditório da Bolsa de Valores fica na Praça XV, 20, Centro, Rio de Janeiro.

12 de agosto de 2013

Mapa mostra populações mais vulneráveis às mudanças climáticas no Rio de Janeiro

Encomendado pela Secretaria do Ambiente, estudo da Fiocruz alerta os municípios fluminenses para ações de prevenção a eventos climáticos extremos

 Minc ressaltou a importância do estudo da Fiocruz para
 mitigar consequências de tragédias climáticas no Rio
O Município do Rio de Janeiro é o mais suscetível aos impactos das mudanças climáticas previstas para os próximos 30 anos no estado, segundo apontou o Mapa de Vulnerabilidade da População Municipal no Estado do Rio de Janeiro, apresentado neste sábado pelo Instituto Fiocruz, na Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos, na Zona Norte.

O estudo serve de alerta para as 92 prefeituras do Rio de Janeiro se prevenirem em relação a riscos de saúde pública inerentes aos desastres ambientais que tendem a se agravar com aquecimento global.
Encomendado pela Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), em 2011, o Mapa foi elaborado pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz) e pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a partir de dados do Censo 2010, do IBGE, atualizados por um software específico.

A cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais frágil do ponto de vista de altos índices de vulnerabilidade da saúde – referentes a doenças como leishmaniose, dengue e leptospirose – e do meio ambiente – referente a eventos meteorológicos extremos, como inundações e deslizamentos. O índice social também foi considerado no estudo.

“O mapa é um instrumento de gestão pública que considera não somente o aspecto físico da saúde, mas também a vulnerabilidade social, onde a população está alocada, a estrutura familiar, existência de crianças e pessoas idosas vivendo na região, condições habitacionais e do ambiente, além da variação do clima”, explicou a diretora-geral do IOC Martha Ribeiro.

A diretora do instituto comparou a situação da capital do estado em relação aos outros municípios fluminenses, segundo o Índice de Vulnerabilidade Geral (IVGp): “a cidade do Rio de Janeiro é a mais vulnerável, necessitando de uma adaptação para se prevenir às mudanças climáticas, através de programas que cuidem da biodiversidade, da vegetação. Na parte social, o município está bem, mas na parte da saúde, é o mais vulnerável do estado”, ressaltou Martha.

Presente à cerimônia de lançamento do estudo, o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, lembrou a importância de estudos do gênero para o bom encaminhamento do trabalho dos gestores públicos municipais: “Com o estudo elaborado pela Fiocruz, cada prefeito saberá como a vulnerabilidade face às mudanças climáticas afetam o risco de doença, de deslizamento e de inundação no seu município. Através desse mapa, cada um dos municípios do Rio conhecerá o real risco de catástrofes ambientais e suas consequências. Outra ação estadual preventiva foi a realização da primeira etapa do mapeamento de risco para todos os municípios fluminenses, pelo Departamento de Recursos Naturais (DRN). Recentemente, uma lei estadual foi sancionada, obrigando todas as prefeituras a incluir em seus planos diretores de uso do solo as indicações do mapa de vulnerabilidade”, afirmou Minc.

O secretário ressaltou ainda a importância do ICMS Verde para estimular as políticas municipais de remediação de lixões – a partir da instalação de aterros sanitários, de proteção de corpos hídricos, de saneamento e de criação de unidades de conservação – e, futuramente, incentivar as questões relacionadas ao estudo de vulnerabilidade da Fiocruz.

“Ações de saneamento e de remedição dos lixões, assim como de ocupação urbana ordenada e de preservação da biodiversidade são preventivas para área de saúde. Em dois anos e meio, aumentamos em 30% a área protegida do Estado do Rio de Janeiro e, até o final do próximo ano, seremos provavelmente o único estado a remediar todos os lixões”, afirmou Minc.

Mutirão de limpeza conscientiza Comunidade da Formiga



Sábado (10/08) foi dia de limpeza e conscientização na Comunidade da Formiga, na Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro . Convidados pela Igreja Baptista Nova Canaã, os agentes ambientais do programa Ambiente em Ação, da Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente (Seam/SEA), organizaram um mutirão de limpeza, que contou com a participação da Comlurb e de grupos locais, como o projeto “Formiga Limpa Formiga Linda”. 

Crianças e jovens da comunidade contribuíram plantando mudas. Houve ainda ação contra a dengue, promovida pela Brigada Mirim do programa. O grupo alertou os moradores de que o acúmulo de lixo pode originar criadouros do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegyptiOutros mutirões estão programados para os próximos fins de semana. Confira agenda em https://www.facebook.com/ambienteemacao.

9 de agosto de 2013

Em datas comemorativas como o Dia dos Pais, como as escolas lidam com alunos filhos de casais homossexuais?

“Algumas já preferem comemorar o Dia da Família, para evitar quaisquer constrangimentos às crianças que tenham dois pais ou duas mães”, responde a psicóloga Anna Uziel, pesquisadora do Programa de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade e Saúde do Instituto de Medicina Social (IMS) e do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (Clam/IMS/Uerj).

Para Anna, a educação infantil “é um bom caminho no combate ao preconceito pois as crianças são muito menos resistentes à diversidade”. Autora da tese intitulada Família e Homossexualidade: Velhas Questões, Novos Problemas - um dos primeiros estudos sobre a adoção de crianças por homossexuais no Brasil - Anna Uziel diz que, a partir dos anos 1990, têm ocorrido avanços destacáveis no reconhecimento de novos arranjos familiares, especialmente na área jurídica. “Se o legislativo não anda, o judiciário resolve”, comenta, mencionando o reconhecimento da união estável de pessoas do mesmo sexo e a possibilidade de conversão para o casamento.

Ela reclama, no entanto, da falta de uma legislação que proteja a população LGBT. “O cenário atual é pouco favorável. Tivemos a aprovação na Comissão de Direitos Humanos do projeto da 'cura gay', que acabou sendo retirado de pauta estrategicamente, mas pode voltar, a qualquer momento. A sociedade tem que ficar muito atenta”, alerta.
Anna Uziel participará da 2ª Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia, na mesa redonda que debaterá os Novos Arranjos Familiares. O evento ocorrerá de 20 a 23 de agosto, no auditório da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), no Rio de Janeiro. Informações e inscrições pelo site www.ambientesemhomofobia.com.br

8 de agosto de 2013

Natividade sedia Conferência Regional de Meio Ambiente no Noroeste Fluminense


Secretaria do Ambiente entregará a prefeitos planos para a preservação da Mata Atlântica nas cidades de Natividade e São José de Ubá

O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, participa, nesta sexta-feira, da cerimônia de abertura da Conferência Regional de Meio Ambiente no Município de Natividade, no Noroeste Fluminense. Na solenidade, Minc entregará para prefeitos os Planos Municipais de Conservação e de Recuperação da Mata Atlântica de Natividade e de São José de Ubá.

Os Planos Municipais de Conservação e de Recuperação da Mata Atlântica são instrumentos de planejamento e gestão que visam à conservação e à recuperação do bioma Mata Atlântica numa região que possui alto potencial de expansão de áreas verdes e de implementação de políticas econômicas que beneficiem o produtor que mantiver a floresta em pé.

Os planos apontaram que os 14 municípios do Noroeste Fluminense possuem 62,5 mil hectares de Mata Atlântica – 14% de suas áreas totais somadas. Além disso, têm potencial de reflorestamento de 74,9 mil hectares.

Organizada pelo Conselho de Secretários Municipais de Meio Ambiente do Noroeste Fluminense (Cosemma – NF), a Conferência Regional de Meio Ambiente abordará o tema Gestão de Resíduos Sólidos. O encontro, que deverá reunir os 15 prefeitos da região, é uma preparação para as conferências estadual e nacional de Meio Ambiente.

A conferência tem por finalidade contribuir para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, com foco em produção e consumo sustentáveis, redução dos impactos ambientais provocados pelo descarte inadequado de lixo e na geração de emprego e renda no setor de coleta reciclagem e tratamento de resíduos sólidos.

7 de agosto de 2013

Sociedade e meio ambiente: controle, dominação e tutela

Pesquisador da Uerj afirma que relação entre heterossexuais e homossexuais é também uma relação de apropriação

Controle, dominação, tutela. Para o doutor em Antropologia Social Sergio Carrara (foto), essas são as bases da relação que se estabelece entre a sociedade e o meio ambiente. E é também dessa forma que, historicamente, os homens se relacionam com as mulheres.


“Há um paralelo. Vivemos em um mundo machista e sexista, em que a relação do homem com a natureza guarda conexão com a forma com que homens se relacionam com mulheres, e como heterossexuais se relacionam com homossexuais. É uma relação de apropriação”, diz.

Professor adjunto do programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/Uerj), e coordenador geral do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos, Carrara comenta que a natureza é classicamente representada pelo feminino e que a ideia do desmatamento sugere a virilidade atribuída ao masculino.

“É difícil rediscutir a relação predatória do homem com a natureza sem falar de como essa relação se espelha em várias outras”, completa Carrara.

A reflexão sobre diversidade ambiental e social é uma das propostas da Jornada Ambiente Saudável é Ambiente sem Homofobia, evento gratuito que a Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente (Seam/SEA) promove de 20 a 23 de agosto.

Para participar, o interessado deve preencher o formulário lincado abaixo e enviá-lo para o e-mail ambientesemhomofobia@gmail.com até 19 de agosto. A confirmação também pode ser feita pelo telefone (21) 2334-5736, das 10h às 18h. As vagas são limitadas. Será emitido certificado de participação.

Acesse o formulário de inscrição: http://download.rj.gov.br/documentos/10112/657213/DLFE-62379.docx/Ficha_Inscricao_Jornada31_7.docx